Ájax Furioso

ÁJAX FURIOSO “Ai de mim! Ai! Se os meus olhos e a minha cabeça, extraviados, não me tivessem afastado do meu propósito, a nenhum outro homem, se não a mim, neste passo, haveriam de fazer justiça.” Ájax, Sófocles

 

 

Surpreendemo-nos com as nossas acções ou surpreendemos as nossas acções? A peça Ájax Furioso funda-se na pesquisa do domicílio de um poder interno que tem a força de nos afastar dos nossos próprios propósitos, da rede ou da teia formada pelos fios que animam o nosso corpo em momentos excitados, em que nos vemos a nós próprios indo à frente e, conscientes, somos incapazes de travar um corpo que age sem nos pedir conselho. Querendo explorar o momento em que o indivíduo deixa de ter o controlo do corpo e passa a simples testemunha da sua acção, escolhemos Ájax como figura central da nossa pesquisa. Neste herói trágico encontramos um bom exemplo desta capacidade dissociativa dos estados excitados, sejam eles provocados por raiva, medo ou qualquer outra situação de paixão. Ao longo do trabalho de dramaturgia e coreografia da peça, separamo-nos progressivamente da estrutura clássica do texto original. Quisemos um objecto final abstracto, esquemático. Entramos num universo dramático que se reduz a uma personagem que, incapaz de se reconhecer nas suas acções, empreende uma luta mortal contra si própria. 

Dramaturgia: José Roseira

Coreografia: Mariana Amorim

Interpretação: Cláudia Eiras e Mariana Amorim

Sonoplastia: Gonçalo Rêgo e José Roseira

Desenho de Luz: Ricardo Alves

Co-produção: GDA Zebra Hipermédia OOPSA Associação Cultural

Produção: Esquiva Companhia de Dança